quarta-feira, 30 de março de 2011

Sexulidade precoce


Ontem a Mamãe Bia me mandou uma matéria que me deixou completamente nervosa. Já não era novidade para mim o assunto, mas eu jurava que isso tinha acabado (que inocência, minha não?).
A matéria falava sobre a venda de sutiã com enchimento para meninas de 8 anos. Uma loja de departamentos nos Estados Unidos, Abercrombie, está vendendo essa novidade.




Eu não vou entrar em detalhes sobre o marketing da loja ou da empresa que criou essa loucura, vou falar do lado mãe.

Que menina nunca sonhou ser igual a sua mãe? Usar aquele baton vermelho, aquele salto alto, aquele vestido lindo, pintar as unhas enormes, e principalmente, usar aquele sutiã maravilhoso?
Era só minha mãe dar mole, e lá ia eu entrar, literalmente, em seu guarda-roupas e sair toda poderosa. Serviço completo: era cabelo, roupa, sapato, maquiagem, esmalte, perfumes...
Mas aquilo era nada mais que uma fantasia deliciosa de criança. Naquele guarda-roupa, eu podia ser quem eu quisesse ser: em alguns momentos saia toda de branco, e lá ia eu cuidar de minhas bonecas; em outra horas saia cheia de mochilas e tênis, e ia escalar a mais alta montanha (o portão da minha casa), mas em momento algum saia daquele inocente guarda-roupa vestida para seduzir, para me sentir desejada, aliás, eu lá sabia o que era isso? Tudo o que eu mais desejava naquela época era o mais novo lançamento da estrela ou o bolo que acabava de sair do forno.

Tá, algumas mães vão dizer que os tempos são outros. E são mesmo, infelizmente. As informações estão ai para quem quiser ver, e principalmente para os olhinhos curiosos de uma criança. Então elas realmente sabem desde muito cedo algumas coisas que eu só fui descobrir depois de beeem grandinha!

A minha filha por exemplo, vive me pedindo um sutiã! Ela tem apenas 4 anos! Eu não dou!

É claro que tudo tem limites. Em casa no momento de fantasia, eu deixo ela usar a imaginação adoidado, e ela me surge, com um pano enrolado na altura do peito, por baixo da blusa, uma bolsa minha enorme na mão, a chave do carro, as vezes até mesmo com alguma sandália minha e me dizendo que vai levar a filha dela para a escola e depois vai para o trabalho.
Ali naquele momento, ela usou de toda a sua criatividade e conseguiu realizar o sonho dela, ter um sutiã.

Agora imagine você, se no momento em que ela me pediu o sutiã, eu o comprasse, na primeira brincadeira, ela enjoaria daquele acessório e logo iria querer um mais incrementado, ou seja, ponto para o mercado, conseguiu capturar mais uma nova 'mini-consumidora'.

E esse pequeno desejo por um sutiã, vai muito além do consumismo. Daqui a pouco ela iria querer usar um sutiã com bojo (como o citado lá em cima), ou rendado, cada vez mais sensual... Imagina onde isso iria parar?

Para quê um apelo sexual em uma criança? Isso pode fazer mal a criança. Segundo uma especialista entrevistada no jornal do Terra (leia aqui), "explorar a própria sexualidade é algo positivo ao longo da vida, mas destaca que há uma grande diferença entre o autoconhecimento e a descoberta forçada por um catálogo de produtos."

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