Tá dificil...
Ontem parte de meu dia ficou completamente atrapalhado por causa de uma besteira que uma das filhas de minha babá fez, menina completamente irresponsável, disse que ia para a casa do namorado na segunda à noite e o namorado disse que ela não havia chegado lá, claro ficamos preocupados, claro a mãe dela ( minha babá) ficou desesperada, acabou tudo bem, e a menina irresponsável estava sim na casa do namorado...Mas só descobrimos isso depois de muita preocupação, muita dor de cabeça e muito desespero, por parte da mãe, afinal que mãe não ficaria preocupada não é?
A verdade é que ultimamente tenho vivido dentro de casa um choque de culturas muito grande, algo que me faz no dia a dia, ter um pouco da noção de o quanto as coisas são diferentes lá e cá.
E não estou falado de dinheiro, nem de posição social não, estou falando de criação...
A filha irresponsável em questão já é mãe, e seu filho ( que saiu do hospital domingo - estava internado com uma broncopneumonia) precisava começar a tomar o remédio na segunda, e nem o remédio comprado foi, tudo bem, podia faltar o dinheiro, mas nem no posto de saúde ela passou para verificar se conseguia o remédio de graça... é duro!!!
As preocupações são completamente diferentes, as prioridades são outras...
Como é possível fortalecer uma família em que os irmãos maiores tomam conta dos menores? Como educar essas crianças que acabam sendo educadas por outras crianças?
Vejo o quanto minha babá rala dia a dia para colocar comida na mesa dos filhos, e eles aprenderam a achar que isso é normal, e nada fazem para ajudar a mãe... como a gente consegue ver isso e ficar bem?
Vamos agora mais para o lado da educação... Se sua filha, mesmo que tivesse 18 anos ( como se isso fosse muito...) Surgisse de namorado novo, você não ia querer saber quem é? e onde mora? Ainda mais no mundo de hoje...Pois é, ela não sabia...
A educação para eles é deixada para segundo ou terceiro plano, afinal se a mãe tem que trabalhar quem tem que cuidar dos menores são os maiores... Escola? Pra quê? A escola para essa família é mais uma realidade distante... Escola só se não tiver nada mais interessante ou mais importante para fazer.
A verdade é que os pais destas crianças, algumas vezes por escolha, outras nem tanto, acabam colocando seus empregos em primeiro lugar, e a educação de seus filhos em último, e isso você pode aplicar a qualquer classe social. Cada vez mais, vendo este exemplo eu percebo que não é o tempo que você passa em casa que conta, é a qualidade dele, afinal, eu trabalho o dia todo, Mila também, minha mãe sempre trabalhou por que precisava sustentar a casa e nem por isso eu deixei de estudar, ou fui vagabundear por aí, meu marido, que o pai já era mais estabelecido financeiramente na época que minha mãe, foi bem claro com ele: " Se não estudar vai trabalhar", e isso mesmo tendo dinheiro na época para pagar uma boa escola, acho que no final ele sabia que mesmo uma boa escola não fornece uma boa educação, aprendemos isso em casa, com nossos pais, no dia a dia.
É preciso muita mudança de pensamento na sociedade para mudar essa posição da educação, afinal eles cresceram acreditando que é assim que se educa, é assim mesmo.
Sei por várias conversas com uma professora da rede pública que essa é a realidade de MUITAS famílias no Brasil. Se a educação é deixada desde cedo para último lugar como podemos querer, ou imaginar que o Brasil se torne um grande país?
é duro...
Acho agora que mais do que fortalecer a educação de base, precisamos fortalecer a família, é preciso resgatar esses laços familiares, é preciso entender que a educação é de responsabilidade dos pais, mas que eles precisam de apoio para isso, é preciso repensar muita coisa!
Com minha babá eu vou conversar, explicar que as coisas não podem andar desse jeito, afinal se eu precisar faltar muito ao emprego por causa dos problemas dela, eu perco meu emprego, e se eu perder o meu, ela perde o dela, por que não vamos ter dinheiro para pagar o salário...
Mas essa mudança de atitude não acontece da noite para o dia, é trabalhoso, sei que vou precisar de várias conversas, por muito tempo, para ir colocando algum juízo lá.
Mas como sou otimista de carteirinha acho que vamos sim conseguir caminhar, afinal ela é uma boa pessoa, mas do mesmo jeito que os filhos, ela não recebeu orientação da mãe e só fez perpetuar os erros, só agora ( depois de velha) foi que percebeu que deveria ter continuado na escola, estudado mais.
O que mais tenho dito para ela é que a vida não é facil, precisamos nos esforçar, e se ela acha que só ela tem dificuldades precisa saber que cada um tem seu pedaço de chão a percorrer, e se ela mimar muito os filhos hoje, só vai fazer com que eles não consigam percorrer o pedacinho de chão deles amanhã...
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