... Porque eu lhe dou uma moeda.
Peraí, não é bem assim... Deixa eu começar do começo.
Meu menino, assim como muitas crianças que eu conheço guarda moedinhas em seus cofrinhos, moedinhas que os pais lhe dão, moedinhas que pede aos avós, tios etc.
Dia desses, ele recolheu todas as suas moedinhas, contou e disse que queria comprar um carrinho (um pouco caro) que ele queria. Juntamos todas as moedinhas, que ele contou com a avó e chegamos num valor, como papai e mamãe estavam devendo um pouquinho pois tínhamos assaltado o cofrinho algumas vezes, acabamos dando mais um dinheirinho e ele conseguiu comprar o tal carrinho tão esperado.
No outro dia da compra lá veio ele, "mãe, me dá moedinha que agora eu quero aquele outro carrinho" (maior e mais caro...) E eu fui logo dizendo, seu cofrinho está vazio lembra? vai demorar pra comprar o carrinho... Ele pediu a Dinda que deu um adiantamento (pequeno - em comparação ao carrinho, grande- em comparação às moedas)
Percebi que ele queria o carrinho com a urgência de uma criança, mas notei também, que na vida a gente não ganha as coisas assim, tem que batalhar, por muito tempo às vezes...
Como nesses dias ele também não havia se comportado tão bem assim fizemos um combinado, ele tentaria se comportar e cada vez que conseguisse marcaríamos num quadro e ele ficaria mais perto de seu carrinho, ou seja, ganharia uma moeda (de qualquer valor ta? ele não faz diferença entre a de 1 real ou a de 5 centavos)
Claro que ele me prometeu que se comportaria caso eu lhe comprasse o carrinho! Mas as coisas não são tão simples não é mesmo?
A cada dia que ele se comporta ele ganha um OK num calendário que ele mesmo escreve e, caso não se comporte ele ganha um F. A cada OK ganho ele vibra muito, e ao primeiro F foi uma cena (Claro) ele percebeu que eu estava falando sério em relação ao comportamento dele. O legal foi que ele entendeu (realmente) o que causou o F, seja uma birra ou uma malcriação e, da segunda vez que o F aconteceu ele já lidou muito melhor com o acontecido.
- Você está comprando o bom comportamento do menino? E quando ele tiver conseguido comprar o carrinho?
Pois é, eu mesma tive de morder minha língua pois sempre achei que isso era comprar mesmo o comportamento de meu filho, hoje estou pensando diferente, explico.
Num dos dias ele me perguntou muito alegremente, mamãe, se eu me comportar hoje eu ganho meu OK? (notem que ele falou OK e não moeda)
Isso está incutindo nele também o direito de realizar algo que ele queira financeiramente(algo dele!), o fato dele guardar o dinheiro "dele" pra comprar o carrinho está fazendo ele entender que dinheiro não nasce em árvore e que conquistamos nossas coisas com suor e trabalho e que com ele, mesmo que no futuro, não vai ser diferente.
Concordo com quem diz que ele deve se comportar por que tem que se comportar e pronto. Mas a verdade é que na nossa vida se seguimos conforme as regras nós lucramos, se nos comportamos e fazemos um trabalho bem feito ganhamos uma promoção (pelo menos alguns de nós...) Se estudamos bastante ganhamos uma boa nota, mas sempre esse "ganhamos" vem depois de muito trabalho, e é isso que ele vai encontrar na vida dele também.O carrinho vai vir, se ele se comportar e souber guardar o dinheirinho com perserverança
Isso é outra coisa que ele está aprendendo, perserverança. Afinal o carrinho não vai vir amanhã, vai vir depois, repito, de muito suor e sacrifício.
En relação a ele virar um bancário ambulante eu acho dificil, afinal ele está mais focado no OK do que nas moedas, isso porque ele gostou mais de receber um "gostei" não palpável de mamãe e papai do que a moeda que ele coloca no cofrinho e esquece.
O carrinho em si acho que ele só lembra na hora de colocar a moedinha, durante o dia nem fala mais nele, talvez depois ele esqueça de vez e perceba que esse querer também passa.
No caso de meu filho esse foi o estímulo que estava faltando para ele se comportar. Ele é muito vivo e no final todos os combinados não puderam ser cumpridos, prometi que ele ficaria sem computador quando fosse à casa da vó, não funcionou, a vó tirou minha moral. Prometi que ficaria sem/ com pracinha/ passeio, foi pior, porque ele precisava correr pra ficar mais relaxado, se eu tirasse dele a pracinha/ passeio ele ficava pior ainda (parecendo barata tonta, conhece?).
Este estímulo acabou funcionando bem, afinal se ele quiser uma coisa tem que se comportar para conseguir, em todos os sentidos.
Mas e se ele não quiser nada? Você conhece alguma criança que não queira nada? me apresente! Se eu levar meu filho ao shoping ele é perfeitamente capaz de sair de lá sem comprar nada tá, mas não querer nada já é bem diferente.
Concordo que existem coisas que o dinheiro não pode comprar, satisfação pessoal de estar indo bem é uma delas, para isto existe o OK, que ele ganha todos os dias(que se comporta) e que como ele mesmo ja demonstrou está valendo mais que a bendita moedinha.
Para os demais eu só posso deixar a frase de uma mãe que eu amo de paixão, mãe de 4, que certa vez quando eu perguntei como ela coseguia lidar com os quatro de comportamentos tão distintos, ela foi bem sincera e me disse que as regras que se aplicavam ao mais velho jamais funcionaram com os gêmeos que vieram depois, e que com a mais nova teve de achar um meio termo. "Pra filhos não há regras!" Foi o que ela me disse.
E aqui estou eu, revendo meus conceitos e achando a minha forma de educar...E você, qual é a sua?
Nenhum comentário:
Postar um comentário